Publicamos, hoje, o poema do nosso aluno Bernardo Correia, dedicado a George Floyd.
O Bernardo através do seu olhar, sempre atento e sensível a tudo o que o rodeia, faz uma análisa muito emotiva da inigmática e frágil condição humana.
Obrigado Bernardo pela tua partilha!
O Vazio Derrame da Tinta que Somos
(Ode a George Floyd)
A pressão subjacente à
Folha não é branca,
Embora ela o seja.
(Estão lá derramados os amargos vazios que a preenchem...
Não os vês? Estamos sob eles!
E eles sob a amargura que somos.)
Ou então nós os somos
Vazios e eles nos são
Cheios, depostos na
Sinergia que nos acaricia.
(Ah! A chamada melancolia... Isso já sentimos.
Afinal, não estamos sob ela, mas ela sobre nós.)
Logo, nós lhe somos plenos:
Nirvana do sentido que
Não sente, mas imita
A mímica que somos.
Logo, nós lhe somos vizinhos:
Embora sejamos estrangeiros
De nós mesmos.
Logo, nós lhe somos seres:
Pressão negregada não
Da folha, mas do racismo
Branco que, no seu nada, nos tinge o
Vazio derrame da tinta que somos.
Bernardo Correia